Boa Vista SCPC prevê maior inadimplência e queda na demanda por crédito

16 de fevereiro de 2016

A Boa Vista SCPC calcula que a taxa da inadimplência para as empresas vai aumentar para 5% em 2016, uma alta em relação aos 4,5% verificados no ano passado. Para as pessoas físicas, o ajuste estrutural do mercado de trabalho deverá ter impacto maior, com a inadimplência subindo para 6,8% em 2016, em comparação aos 6,1% de 2015.

A inadimplência deve crescer em 2016, tanto para os consumidores quanto para as empresas. A conclusão é de um estudo realizado pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), com base em comportamento e tendências dos indicadores que a empresa calcula mensalmente.

A Boa Vista SCPC calcula que a taxa da inadimplência para as empresas vai aumentar para 5% em 2016, uma alta em relação aos 4,5% verificados no ano passado. Para as pessoas físicas, o ajuste estrutural do mercado de trabalho deverá ter impacto maior, com a inadimplência subindo para 6,8% em 2016, em comparação aos 6,1% de 2015.

Em 2016 a Boa Vista SCPC prevê que a tendência de maior seletividade dos concedentes de crédito continue, e que a demanda por crédito dos consumidores recue, embora seja possível uma elevação do crédito por parte das empresas.

Com esta perspectiva, o crédito deverá sofrer nova desaceleração, podendo crescer em torno de 3,5% em termos nominais. Para os recursos livres, que já vêm crescendo menos do que os recursos direcionados, a redução deve ser de 3,7% para 1,8%. Para os recursos direcionados, espera-se também uma redução do ritmo pela metade, atingindo um crescimento em torno de 5,1%.

A Boa Vista SCPC chegou a essas estimativas levando em conta que as expectativas do mercado para 2016 começaram piores que as do ano anterior: a atividade econômica brasileira deverá enfrentar mais um ano de recessão com impactos sobre o mercado de trabalho, os juros e a inflação deverão permanecer em patamares elevados.

Esses fatores vêm apertando o orçamento dos consumidores e corroendo a renda das famílias, que muitas vezes procuram por crédito para pagar suas contas correntes. Embora a demanda por crédito continue em queda, estes novos empréstimos tendem a ser concedidos para pessoas com maior risco de crédito, pois são aquelas que mais procuram por financiamentos emergenciais nesses momentos.

Já a demanda de crédito tem se comportado de forma diferente para as empresas e para os consumidores. Com a retração da atividade econômica, as empresas recorrem aos empréstimos a fim de compensar as quedas no fluxo de caixa. Devido ao encarecimento do crédito e à maior seletividade dos concedentes, as empresas encontram dificuldades em quitar suas dívidas. Apesar da demanda ser maior, a oferta de crédito para as empresas está diminuindo devido ao elevado risco.

Mesmo com o fim do ciclo de aperto monetário, o encarecimento dos custos e o aumento dos riscos pressionarão a taxa de juros ao consumidor, que deverá manter tendência de alta devido ao aumento dos spreads.

Dada à piora do cenário macroeconômico, o endividamento pode se tornar um problema a medida que a renda recua e os juros sobem, aumentando o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas e elevando o risco de inadimplência. Como 2016 será mais um ano em que a economia brasileira patina, as variáveis macroeconômicas devem afetar ainda mais fortemente o mercado de crédito.